sábado, 17 de maio de 2014

Folhas Amareladas



Hoje encontrei o teu nome escrito
nas folhas amareladas do meu passado
e percebi que algumas folhas foram rasgadas,
outras enroladas e tão bem guardadas
que ficaram mofadas,
amarradas com fita engomada,
escondidas atrás do armário.
Mas ainda guardo na memória
os belos cenários que vivenciaram
aquelas belas tarde outonais,
quando os raios de sol se infiltravam
por entre as folhas amareladas,
que caiam formando um tapete dourado
à luz difusa do entardecer,
e nos encontrávamos emocionados
ao final de cada tarde,
de tantas tardes que não voltam mais.
De repente ficou tarde.
Escureceu.
Amanheceu.
Você nem percebeu.
O tempo passou.
Você me esqueceu...
A luz do sol não apareceu,
e o meu coração
nunca mais se aqueceu...



Débora Benvenuti

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Carta






Esta é a carta que você nunca recebeu,
a mensagem que nunca leu,
a lembrança de um passado que vivemos juntos,
Você e Eu.
Nela eu enviava todos os sonhos meus
e queria realizá-los  juntamente com os teus.
Meu coração amargurado,sobreviveu,
mas nunca te esqueceu.
Te esperei a cada cair da tarde,
até a madrugada,
e com o passar dos anos,
a tua imagem foi ficando desbotada
e os meus sonhos todos apagados.
Sei que voltas a cada cinco anos,
mas quando voltares novamente,
terão se passado trinta anos
e você talvez nem lembres mais
o quanto nos amamos,
quantas vezes nos encontramos no bar da faculdade.
Nos intervalos de cada aula,
o encontro tão esperado.
Meu coração batia tão depressa,
que tinha medo que você pudesse ouvi-lo,
batendo descompassado.
Depois a despedida,
e o Adeus mais uma vez adiado.
Um encontro às escondidas,
fingindo que nada havia acabado.
Hoje somos apenas lembranças
de um passado quase apagado,
que só ficou guardado
no meu coração amargurado.

Débora Benvenuti

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Aquarela



Artista inglesa Ann Mortimer.


Quero pintar uma tela com
as cores da aquarela,
em tons de azul e anis
e alguns matizes de amarelo,
com violetas na janela,
cortinas cor de rosa,
com cravos e canelas.
Nos lençóis,
cores suaves e perfumes de jasmim,lírios e al
fazemas.
Para completar a cartela,
faltam ainda os matizes
de laranja e amarelo
que pego emprestado dos girassóis
do meu jardim.
O verde eu encontro
estampado no tapete do meu quarto
e para completar o quadro,
falta pintar o retrato de uma cena abstrata,
que recortei das páginas de uma revista
que guardo atrás da porta do meu quarto.

Débora Benvenuti

Quando o Sol se Por



Quando o sol se por docemente
e os últimos raios iluminarem o poente,
a tua sombra se projetará suavemente
em minha mente,
qual pássaro que adormece
assim que anoitece...
A noite estende seu manto
e nem percebe o meu pranto
que se desfaz como por encanto,
quando adormeço no meu recanto...
Delírios, sonhos, canções,
habitam cada cantinho do meu coração
e eu embalo esses momentos como
se fossem fragmentos da minha solidão.
A tua imagem se sobressai e se esvai,
sumindo de mansinho, a cada minuto
que transformam a minha noite
num eterno e imenso caminho,
onde não há espaço para o teu carinho...
Quando o sol se por em todo o seu esplendor,
a minha noite será eterna sem o teu calor...


Débora Benvenuti 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Ser Mãe



Cada vez que eu me olho no espelho, mais percebo o quanto estou parecida com a minha mãe. Às vezes até os trejeitos dela eu estou fazendo igual. Aquela velha mania de perder os óculos e sair a procurar,quando eles estão exatamente onde deveriam estar: pendurados por uma cordinha no pescoço. Então minha filha aparece e diz: mãe,tu já achou teus óculos? E eu respondo: ainda não e ela continua: procura bem que tu acha...E não é que eu acho mesmo...? Quando eu percebo que ela começa a rir, logo desconfio de onde eles possam estar. Ainda bem que os óculos são só para ficar no computador. Muitas vezes, quando ela vai sair à noite,eu faço as mesmas recomendações: leva o casaco que vai esfriar. Cuidado ao parar na sinaleira. Não volta tarde. Quando você chegar no barzinho,me liga e me diz se chegou bem. E lá fico eu esperando ela ligar...Essa rotina parece que não vai acabar nunca e eu nunca vou deixar de falar as mesmas coisas,exatamente como a minha mãe fazia. Naquela época,eu achava que ela se preocupava demais e ficava dizendo para ela que nada ia acontecer. Minha filha diz a mesma coisa. Então digo para ela: espera só tu ter os teus filhos que nunca mais tu vais dormir sossegada. E a gente só percebe que está igualzinha a nossa mãe, quando faz exatamente o que ela fazia. Um dia a minha filha vai fazer a mesma coisa: vai se olhar no espelho e dizer: Estou igual à minha mãe!
Faço a mesma coisa com meu filho, só que para falar com ele, preciso subir num banquinho.

Débora Benvenuti

domingo, 13 de abril de 2014

O Direito de Sonhar





O barco que conduzia a minha vida,
encalhou no deserto da minha solidão.
Do silêncio, fez-se ... o nada,
do nada ... a saudade.
O pranto encheu minhas horas vazias,
no vazio da minha existência.
Existiu um dia algo que eu chamei "Vida",
Hoje existe vida que eu chamo menos que nada.
Muito antes de você,
houve um princípio que se chamou amor.
... E o amor viveu enquanto alguém me fez acreditar
que o Amor era sinônimo de Vida ...
Depois do Amor ... fez-se a Espera,
da Espera ... o Caos ...
Chamou-se solidão as horas que antecederam a tua chegada.
E você esteve de partida antes  mesmo de ter chegado... 
 Não existiu princípio - partimos do meio para o fim da Viagem.
As bagagens de recordações ficaram esquecidas
no último trem que deixou a Estação do Amor.
Esquecemos de sentir e mesmo assim,
as pedras nos feriram os pés
nus de qualquer sentimento.
E descalços mais uma vez,
deixamos que a vida nos roubasse algo
que nunca nos pertenceu:
- "O Direito de Sonhar" -




Débora Benvenuti

domingo, 2 de março de 2014

Nuvem Passageira



Sou nuvem passageira,
tal qual o vento quando sopra
as folhas secas e as faz farfalhar.
Então fico a imaginar como seria
vagar no infinito do teu olhar.
Vejo uma luz se acender,
um lampejo de desejo,
uma lembrança de cada beijo
e um suspiro ao entardecer.
Será que estás a lembrar,
de cada sonho que sonhamos,
debaixo de um céu de estrelas
que só eu ainda vejo brilhar?
Já é outono
e me agasalho do frio da noite
com o meu cobertor de saudades,
deixado pela tua ausência,
quando deixastes de me amar.



Débora Benvenuti

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Quero ser o seu Amor





Não espere a hora certa,

ela pode não chegar...

Esqueça o amanhã,

eu estou a te esperar.

Sinta a magia do momento

e todo o meu sentimento

que estou a expressar.

Quero ser o seu amor,

não me faças esperar.

Lá fora o dia amanheceu lindo.

Tudo está perfeito agora.

Só falta você ao meu lado para me dizer,

também quero te amar.

Preciso tanto de você...

Os sentimentos precisam ser despertados,

nunca esquecidos nesse canto escuro

chamado passado.

Então vem...

Estenda a tua mão

e me leve com você.

Abraça-me com carinho.

Sinta o meu coração batendo no teu compasso,

a esperança nascendo a cada abraço e o amor despertando como uma rosa nascida no asfalto.

A hora é agora...Faça acontecer.

 

 

 

Débora Benvenuti 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Silêncio





Ouço os sons do Silêncio,
ou será meu pensamento
que caminha vagamente,
perdido na neblina do tempo?
Ouço vozes,
sons que me conduzem
por caminhos tortuosos,
por passagens e paisagens
esquecidas num canto
escuro do meu coração,
onde vagueiam perdidos
os fantasmas da minha solidão.
Vejo vultos cambaleantes,
que se afastam lentamente,
envoltos na neblina do tempo.
Vagueiam em silêncio,
como sombras indecisas,
tal qual chama de uma vela,
quando sopra a leve brisa.
Ouço o silêncio do meu pensamento.
  A noite é escura.
No céu, a lua ilumina a rua,            
e eu esqueço os meus tropeços.
 Não sei se mereço o que sinto neste momento,
em que nada espero,nada quero,
só ouço o silêncio do meu pensamento,
que voraz,me devora,
enquanto o silêncio que faz lá fora,
vai embora...


Débora Benvenuti

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Caminhos Cruzados





Caminho,
e penso com carinho no teu rosto de menino.
 Despertas desejo,
que nem eu mesma sabia que existia.
E te encontro tantas vezes no meu caminho,
que já nem sei mais se o que eu sinto,
tenho o direito de expressar.
Sonhos,
delírios,
que martírio!
São apenas sonhos,
que só eu sei sonhar...
E tantas vezes cruzamos o mesmo caminho...
Será o destino que nos faz esquecer,
que somos apenas amantes incapazes de se amar?
Se eu pudesse te encontrar,
iria te amar até o dia clarear,
com todo o meu desejo que hoje vejo,
não sou capaz de disfarçar,
por isso preciso te dizer
o quanto eu te quero amar...


Débora Benvenuti