sábado, 3 de julho de 2010




  


A noite chega de repente

e traz a melancolia

para me fazer companhia.

Escuto os sons da rua

e não vejo mais a lua

da janela do meu quarto.

Acho que ela se escondeu

para não me responder

o que faço eu,

se já não sei mais quem eu sou.

Serei a sombra de um amor

que está morrendo de dor,

da dor de não ter um amor.

A solidão passeia na clareira,

sob a luz da lua cheia.

Seu vulto se delineia

e eu a posso ver

se enroscando no meu travesseiro,

estendendo as mãos traiçoeira,

me abraçando por inteiro.

Tento gritar bem alto,

mas nenhum som se ouve na madrugada.

O ar está quente, abafado

e eu sinto o suor escorrer-me pela face,

deslizando em gotas,

que umedecem a minha roupa .

A solidão abre as gigantescas asas,

e pousa sobre mim.

Com garras afiadas,

rasga a minha pele,

desnuda a minha alma

e me deixa nua.

Sinto a pele arder,

os olhos escurecer

e sem poder me conter,

acordo para mais um amanhecer...


Sem você!




Débora Benvenuti

domingo, 27 de junho de 2010

OS LÍRIOS DO CAMPO



Os Lírios do Campo





Eu viveria entre os lírios do campo

e ficaria escondida entre tantos,

se soubesse que o meu cavaleiro andante

passaria em seu belo corcel branco

e colheria um lírio do campo.

Eu seria dos lírios,

o mais perfeito,

um sonho nunca desfeito

e um amor sem nenhum defeito.

Amar-te-ia languidamente

nas manhãs primaveris

e entre flores ,nos jardins,

faria a nossa cama.

Com pétalas de flores

de todas as cores,

para destacar ainda mais

a pureza do meu coração sonhador.

E não haveria amor mais perfeito,

nenhum corpo mais sedento,

nenhuma boca te beijaria

com beijos mais ardentes

dos que os meus.

Pelo teu corpo deslizaria os meus dedos,

acariciando cada detalhe teu.

E seria tua,

com a luz da lua a iluminar

os nossos corpos nus.

Entre pétalas perfumadas

dormiríamos assim, abraçados,

Depois do sonho realizado.



Débora Benvenuti

sábado, 26 de junho de 2010

COMO UMA FOLHA AO VENTO




Como uma folha ao Vento




Não houve um amanhã,

nem nunca haverá.

Eu deixei de existir para você

e você partiu sem se despedir.

Nem sei o que eu fui,

nem o que deixer de ser,

o certo é que fiquei sem te ver

e me deixastes ao anoitecer,

quando ainda esperava por você

e nas tuas palavras

eu ainda acreditava.

Como uma folha ao vento,

você sem documento,

nada pudestes fazer

e assim, sem mais nem menos,

sem me dizer ao menos

porque viestes me conhecer,

deixastes uma lacuna

ainda por preencher.

Não sei se devo esquecer

ou se devo permanecer,

com a tua recordação

ainda no meu coração a sofrer,

ou se devo apagar da lembrança

essa triste esperança,

que só me fez perceber

o quanto é frágil o amanhecer.



Débora Benvenuti

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A ESCOLHA





A Escolha



 

É preciso sempre estar atenta

e saber recomeçar.

Cada dia é uma escolha

e eu não sei mais começar:

Ou isto ou aquilo,

ou aquilo e mais isto.

São difíceis os caminhos

e se eu soubessem onde vão dar,

não teria todo o dia

que tentar recomeçar...

Mas a escolha muitas vezes

é difícil e estou certa

que nesta vida o que mais faço

é tentar recomeçar...

Se errar tento de novo

e de novo vou errar.

Quantas vezes novamente

essa escolha vou fazer?

E não adianta ouvir conselhos

e nem conselhos espero dar.

Se meus ombros são pequenos

s essa escolha me pesar,

quem sabe eu não encontre

alguém que me ajude a carregar

os meus sonhos com direito

a todos eles realizar...

Será que eu fiz a escolha certa?

Quantas vezes eu me faço

essa pergunta que não cala

e nem sempre cabe na mala

que estou sempre a carregar.

Se escolhi a estrada certa

e os caminhos a seguir,

Eu não sei, quero estar certa,

que desta vez a escolha,

Foi a Escolha certa!



Débora Benvenuti

quinta-feira, 24 de junho de 2010

OS MESMOS ERROS






Os Mesmos Erros







Alguém já disse que os filhos não são propriedade dos pais e eu nunca quis que vocês fossem minhas propriedades, meus filhos. Quis somente lhes mostrar o caminho certo, porque esse caminho que hoje vocês percorrem, eu já percorri há muito tempo. E não colhi só rosas não. Encontrei muitas pedras pelo caminho. Muitas delas eu as retirei, porque sabia que um dia vocês também passariam por ali e não queria que essas mesmas pedras ferissem os seus pés, nessa longa caminhada que vocês dois, meus filhos, tem pela frente.
É certo que muitas vezes eu fiz coisas erradas, disse o que não deveria dizer, mas foi por amor, por medo que vocês se machucassem. Os olhos de uma mãe, são como os olhos de uma águia. Eles enxergam muito mais longe e vêem de cima, o que vocês não conseguem ver de perto. As experiências de vida, isto é certo, é só de vocês. Eu não posso vivê-las nem retirar todas as pedras do caminho, porque essas pedras, vocês terão que aprender a contorná-las ou se forem sábios, retirá-las vocês mesmos, porque eu não posso estar perto em todos os momentos para ajudá-los a carregá-las ou retirá-las, para que um dia os filhos de vocês não tropecem nelas.
O que eu tinha para ensinar à vocês, eu já o fiz e continuarei fazendo, sempre. Quando precisarem da minha ajuda ao tropeçarem em alguma pedra que tenham esquecido de retirar, eu estenderei a minha mão para possam se reerguer. Um dia, quando vocês tiverem os seus próprios filhos, farão exatamente o que eu faço hoje: tentarão protegê-los da melhor forma possível, como eu faço agora, quando os vejo cometendo os mesmos erros que eu cometi um dia. E ficarão tristes e ansiosos, cada vez que eles escorregarem e fizerem algo errado. Então, meus filhos, vocês me darão razão e lembrarão que um dia eu disse a mesma coisa que hoje você dizem aos seus filhos. A vida é um círculo e quando ele se fecha, começa a girar novamente. É a lei da vida, e assim sempre será, passe o tempo que passar.
Eu os amarei sempre,



 


Débora Benvenuti

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ENSINA-ME A VIVER



Ensina-me a Viver





A tarde esmaece de mansinho,

como se não quisesse ceder lugar à noite

que se aproxima e traz consigo um raio de luar

para iluminar o meu caminho.

Sonhos apenas ou palavras amenas,

tudo é tão pequeno quando não te encontro

nesses doces momentos em que povoas

o meu pensamento...

Ensina-me a viver com a lembrança dessa noite

que ainda não tivemos,

mas que é tão real e me faz sonhar

nas coisas que diremos quando

nesse dia o meu sonho se realizar.

O fogo na lareira,

a vela acesa,

o crepitar das chamas,

a lua cheia,

o reflexo do luar

a iluminar a noite inteira.

Só eu e você,

corpos sedentos,

desejos e beijos ardentes,

delírios, sonhos, paixões

uma doce ilusão,

que faz do meu sonho

a mais doce emoção

que só um coração que ama

transformaria em paixão...



Débora Benvenuti

terça-feira, 22 de junho de 2010

A NOSSA NOITE



A nossa Noite





Assim preparei a nossa noite:

A mesa posta,

as taças cuidadosamente dispostas.

As flores num arranjo cuidadoso,

os pratos com detalhes dourados.

A toalha em tons delicados

de rosa adornados.

O champangne gelado,

O brilho molhado

Do gelo picado

Em gotas de orvalho.

E a noite majestosa

se prolongava cautelosa.

A brisa soprava de leve

e trazia o aroma de flores campestres.

A lua se infiltrava receosa

pelo vidro da janela

e a chama da vela sobre a mesa

criava sombras intrigantes.

O som dos passos na escada

ecoavam tristemente

e ao ouvi-los,

meu coração disparava novamente.

Os sons se confundiam em minha mente

e os passos na escada sumiam sutilmente.



Débora Benvenuti.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PROCURA-SE


Procura-se


 

 
Procura-se um sonho perdido.

Foi muitas vezes sonhado,

mas nunca foi realizado.

Existia nele um cavaleiro andante

e seu belo cavalo negro.

Usava máscara que lhe encobria o rosto

e cavalgava em noites de lua cheia.

Bastava olhar à janela

e lá estava ele a esperar.

Atirava uma rosa à donzela

e ela se punha a sonhar.

Queria estar ao seu lado,

mas o cavaleiro sonhado

partia sempre apressado,

sem jamais se deixar revelar.

Ouvia-se apenas o som abafado

do trote do cavalo que se perdia,

na noite que se fazia dia.

O relógio despertava

e o sonho acabava.

O cavaleiro partia

e nunca mais voltava.

 


Débora Benvenuti