sexta-feira, 25 de junho de 2010

A ESCOLHA





A Escolha



 

É preciso sempre estar atenta

e saber recomeçar.

Cada dia é uma escolha

e eu não sei mais começar:

Ou isto ou aquilo,

ou aquilo e mais isto.

São difíceis os caminhos

e se eu soubessem onde vão dar,

não teria todo o dia

que tentar recomeçar...

Mas a escolha muitas vezes

é difícil e estou certa

que nesta vida o que mais faço

é tentar recomeçar...

Se errar tento de novo

e de novo vou errar.

Quantas vezes novamente

essa escolha vou fazer?

E não adianta ouvir conselhos

e nem conselhos espero dar.

Se meus ombros são pequenos

s essa escolha me pesar,

quem sabe eu não encontre

alguém que me ajude a carregar

os meus sonhos com direito

a todos eles realizar...

Será que eu fiz a escolha certa?

Quantas vezes eu me faço

essa pergunta que não cala

e nem sempre cabe na mala

que estou sempre a carregar.

Se escolhi a estrada certa

e os caminhos a seguir,

Eu não sei, quero estar certa,

que desta vez a escolha,

Foi a Escolha certa!



Débora Benvenuti

quinta-feira, 24 de junho de 2010

OS MESMOS ERROS






Os Mesmos Erros







Alguém já disse que os filhos não são propriedade dos pais e eu nunca quis que vocês fossem minhas propriedades, meus filhos. Quis somente lhes mostrar o caminho certo, porque esse caminho que hoje vocês percorrem, eu já percorri há muito tempo. E não colhi só rosas não. Encontrei muitas pedras pelo caminho. Muitas delas eu as retirei, porque sabia que um dia vocês também passariam por ali e não queria que essas mesmas pedras ferissem os seus pés, nessa longa caminhada que vocês dois, meus filhos, tem pela frente.
É certo que muitas vezes eu fiz coisas erradas, disse o que não deveria dizer, mas foi por amor, por medo que vocês se machucassem. Os olhos de uma mãe, são como os olhos de uma águia. Eles enxergam muito mais longe e vêem de cima, o que vocês não conseguem ver de perto. As experiências de vida, isto é certo, é só de vocês. Eu não posso vivê-las nem retirar todas as pedras do caminho, porque essas pedras, vocês terão que aprender a contorná-las ou se forem sábios, retirá-las vocês mesmos, porque eu não posso estar perto em todos os momentos para ajudá-los a carregá-las ou retirá-las, para que um dia os filhos de vocês não tropecem nelas.
O que eu tinha para ensinar à vocês, eu já o fiz e continuarei fazendo, sempre. Quando precisarem da minha ajuda ao tropeçarem em alguma pedra que tenham esquecido de retirar, eu estenderei a minha mão para possam se reerguer. Um dia, quando vocês tiverem os seus próprios filhos, farão exatamente o que eu faço hoje: tentarão protegê-los da melhor forma possível, como eu faço agora, quando os vejo cometendo os mesmos erros que eu cometi um dia. E ficarão tristes e ansiosos, cada vez que eles escorregarem e fizerem algo errado. Então, meus filhos, vocês me darão razão e lembrarão que um dia eu disse a mesma coisa que hoje você dizem aos seus filhos. A vida é um círculo e quando ele se fecha, começa a girar novamente. É a lei da vida, e assim sempre será, passe o tempo que passar.
Eu os amarei sempre,



 


Débora Benvenuti

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ENSINA-ME A VIVER



Ensina-me a Viver





A tarde esmaece de mansinho,

como se não quisesse ceder lugar à noite

que se aproxima e traz consigo um raio de luar

para iluminar o meu caminho.

Sonhos apenas ou palavras amenas,

tudo é tão pequeno quando não te encontro

nesses doces momentos em que povoas

o meu pensamento...

Ensina-me a viver com a lembrança dessa noite

que ainda não tivemos,

mas que é tão real e me faz sonhar

nas coisas que diremos quando

nesse dia o meu sonho se realizar.

O fogo na lareira,

a vela acesa,

o crepitar das chamas,

a lua cheia,

o reflexo do luar

a iluminar a noite inteira.

Só eu e você,

corpos sedentos,

desejos e beijos ardentes,

delírios, sonhos, paixões

uma doce ilusão,

que faz do meu sonho

a mais doce emoção

que só um coração que ama

transformaria em paixão...



Débora Benvenuti

terça-feira, 22 de junho de 2010

A NOSSA NOITE



A nossa Noite





Assim preparei a nossa noite:

A mesa posta,

as taças cuidadosamente dispostas.

As flores num arranjo cuidadoso,

os pratos com detalhes dourados.

A toalha em tons delicados

de rosa adornados.

O champangne gelado,

O brilho molhado

Do gelo picado

Em gotas de orvalho.

E a noite majestosa

se prolongava cautelosa.

A brisa soprava de leve

e trazia o aroma de flores campestres.

A lua se infiltrava receosa

pelo vidro da janela

e a chama da vela sobre a mesa

criava sombras intrigantes.

O som dos passos na escada

ecoavam tristemente

e ao ouvi-los,

meu coração disparava novamente.

Os sons se confundiam em minha mente

e os passos na escada sumiam sutilmente.



Débora Benvenuti.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

PROCURA-SE


Procura-se


 

 
Procura-se um sonho perdido.

Foi muitas vezes sonhado,

mas nunca foi realizado.

Existia nele um cavaleiro andante

e seu belo cavalo negro.

Usava máscara que lhe encobria o rosto

e cavalgava em noites de lua cheia.

Bastava olhar à janela

e lá estava ele a esperar.

Atirava uma rosa à donzela

e ela se punha a sonhar.

Queria estar ao seu lado,

mas o cavaleiro sonhado

partia sempre apressado,

sem jamais se deixar revelar.

Ouvia-se apenas o som abafado

do trote do cavalo que se perdia,

na noite que se fazia dia.

O relógio despertava

e o sonho acabava.

O cavaleiro partia

e nunca mais voltava.

 


Débora Benvenuti

sexta-feira, 18 de junho de 2010

POR QUE TE CHAMAS...SOLIDÃO?



 

Por que te chamas...Solidão?





É quando a noite chega que percebo,

que estás sempre a espera de que

eu me distraia e me espreitas,

para que eu saia e

então você se ensaia e me atormenta,

com essas asas imensas,

a me cobrir como o manto da escuridão intensa,

que me domina e me faz sentir,

o quanto a tua presença insiste em me perseguir.

Por mais que eu insista

e procure um lugar seguro,

ainda assim me encontras,

sozinha e no escuro e mesmo que eu diga,

não me persigas,

eu sei que estarás sempre a me seguir.

Às vezes me pergunto,

se não haverá outras formas de te seduzir,

sem que você perceba e te fazer sumir,

para que nunca mais você insista em me seguir,

mas você me diz, que mesmo que eu não te veja,

as tuas asas negras, como um manto,

serão sempre como as asas de um anjo,

E ainda assim te chamarás...Solidão...





Débora Benvenuti

SILÊNCIO


Silêncio
                

 

Ouço os sons do Silêncio,

ou será meu pensamento

que caminha lentamente,

perdido na neblina do tempo?

Ouço vozes.

Sons que me conduzem

por caminhos tortuosos,

por passagens e paisagens

esquecidas num canto

escuro do meu coração.

Onde vagueiam perdidos

os fantasmas da minha solidão.

Vejo vultos cambaleantes,

que se afastam lentamente,

envoltos na neblina do tempo.

Vagueiam em silêncio,

como sombras indecisas,

tal qual chama de uma vela

quando sopra a leve brisa.

Ouço o silêncio

do meu pensamento.

A noite é escura.

No céu, a lua ilumina a rua,

e eu esqueço

os meus tropeços.

Não sei se mereço

o que sinto

neste momento,

em que nada espero,

nada quero.

Só ouço o silêncio

do meu pensamento,

que voraz,

me devora,

enquanto o silêncio

que faz lá fora

vai embora...


 
Débora Benvenuti

terça-feira, 15 de junho de 2010

O DIVÓRCIO



O Divórcio





Anete e Carlos se conheceram na festa de aniversário de uma amiga em comum. Carlos foi o último convidado a chegar à festa. Anete estava sentada bem em frente à porta e logo que Carlos entrou, a percebeu. Não foram apresentados, mas Anete percebia os olhares dele para ela. Quando um amigo com quem Anete conversava se levantou, rapidamente Carlos sentou-se no sofá ao seu lado. Não demorou muito e eles estavam conversando como se conhecessem há anos e Carlos não perdia a oportunidade de trazer drinks e salgadinhos e oferecer à Anete. Depois da festa, os amigos decidiram que iriam num baile de chopp que acontecia num clube da cidade. Carlos convidou Anete para ir com ele e durante o baile, ele não se separou mais dela. Foi paixão à primeira vista. Nessa noite mesmo Carlos decidiu que a apresentaria a sua família no dia seguinte. Combinaram se encontrar no sábado à tarde, e ele a apresentaria aos seus pais e passariam o fim de tarde num balneário perto da cidade. Anete esperou até a hora marcada e como era muito pontual, não admitia esperar por ninguém, nem tampouco deixava alguém a esperar por ela. Quando o relógio bateu as duas badaladas, indicando a hora em que deveriam se encontrar, Anete não esperou mais. Retirou a sua motocicleta da garagem e saiu a andar sem destino. Voltou muitas horas depois. Sua mãe então lhe disse que Carlos estivera a sua procura e havia saído há poucos minutos. Anete não gostou do atraso, mas a curiosidade em saber o que havia acontecido não a deixou sossegar. Telefonou para a amiga de Carlos e contou o acontecido. Disse que estava furiosa com ele e que não costumava esperar por homem nenhum. Depois de dizer tudo o que pensava de Carlos a amiga confidenciou que Carlos estava ali com ela e ouvira toda a conversa. Ele então a convidou para saírem à noite e jantar. Prometeu ser pontual e assim aconteceu. Namoraram mais de três anos, sempre assim. Ele vinha todos os meses passar um final de semana com Anete e ela, sempre que dava, ia visitá-lo na cidade onde ele morava. Casaram-se algum tempo depois. No dia do casamento, Anete ficou em dúvida, se estava fazendo a coisa certa. Confidenciou a sua mãe, que se o casamento não desse certo, ela se divorciaria. Ficaram casados doze anos e tiveram um casal de filhos. Anete,logo que casou, percebeu que faltava alguma coisa no casamento, que ela não sabia o que era. Nos primeiros três anos, estavam decididos a terem um filho e isso ocupou demais os pensamentos de Anete. Quando a filha nasceu, Anete estava muito feliz e as suas preocupações, durante algum tempo, estavam restritas apenas à filha. Mesmo assim, Anete sentia que havia alguma coisa na relação com Carlos que a deixava triste. O marido era muito desleixado. Dizia que a amava, mas nunca fazia nada para demonstrar esse amor. Anete engravidou novamente algum tempo depois e acabou tendo um aborto. Ficou durante muito tempo com uma enorme sensação de vazio. Ficava horas na janela, imaginando o dia em que ela seria feliz. Ela tinha o seu trabalho, havia aberto uma micro-empresa com o marido e o ajudava sempre que podia, mas não era feliz. Durante muito tempo, foi alimentando a idéia da separação. Quando decidiu o que faria, esperou uma ocasião oportuna, em que os pais e a irmã estivessem presentes, para anunciar a separação. Conversou com a irmã, que era bioquímica e disse a ela que estava se sentindo diferente. Não sentia nenhum sintoma que justificasse que havia algo estranho nela, apenas havia ganho um pouco de peso. A irmã então, suspeitou que Anete estivesse grávida. Fizeram o teste e deu positivo. Mais uma vez, Anete sentiu que não era esse ainda o momento da separação. A mãe e a irmã a aconselharam a esperar mais um tempo, até o bebê nascer e então ela poderia resolver o que fazer. E foi o que Anete fez. Resignou-se a ficar junto ao marido mais um pouco, até os filhos ficarem maiores. Assim ela teria tempo suficiente para pensar e decidir com mais clareza. Mas Anete tinha certeza de que não era feliz. Sonhava em ser amada. Queria que o seu casamento desse certo. Carlos durante esse tempo, demonstrou ser uma pessoa inútil e vazia, sem nenhum interesse pelo futuro dos filhos. Não gostava de trabalhar. Dependia do pai, que todos os meses lhe enviava dinheiro para as suas despesas básicas. Até que chegou um dia em que Anete se cansou da vida vazia que levava ao lado de Carlos. Pediu o divórcio. Apesar dos filhos ainda pequenos, ela decidiu que iria morar bem longe do marido. O advogado que fez o divórcio era o irmão de Carlos e fez com que Carlos ficasse com todos os bens de Anete. Ela saiu de casa com o carro e levou o essencial para sobreviver bem longe dali. Voltou para a cidade onde morava com os pais. A casa da família estava desocupada. O pai de Anete já havia falecido e a mãe estava morando com a outra filha. No dia em que Anete saiu de casa, se preparava um temporal, mas como ela já havia enviado a mudança, com as poucas coisas que ela tinha, resolveu que precisava viajar assim mesmo. Apesar de não amar mais o marido, ficou sentida por ele não se preocupar nem com ela nem com a segurança dos filhos, pois a viagem era longa. Anete poucas vezes havia dirigido na estrada e muito menos com temporal. Mal ela havia viajado poucos quilômetros, o temporal desabou. A tarde virou noite e não se enxergava nada da estrada.Era a chuva caindo em torrentes lá fora e no seu coração, o temporal ainda era maior. Anete sabia que precisava ser forte. Tinha um casal de filhos viajando no banco traseiro e ela precisava de toda a sua coragem para atravessar aquele momento. Chegou uma hora em que se tornou difícil prosseguir. Anete então parou o carro no acostamento e esperou o temporal passar. As crianças estavam inquietas e Anete mais preocupada ainda estava em continuar a sua vida depois desse momento. Era uma vida completamente nova e ela estava sozinha. Depois de muito tempo ali parada, o temporal passou. Anete retomou a estrada e muitas horas depois ela chegou a sua casa. A sensação de abrir uma casa vazia e se instalar com os filhos pequenos era apavorante. Mesmo sem móveis, Anete montou um colchão de ar que havia levado, comprou um lanche para as crianças e adormeceram os três naquela primeira noite de vida nova. No outro dia, quando o caminhão chegou trazendo a mudança de Anete, foi que ela percebeu que os seus problemas estavam só começando. Era uma sensação estranha e os filhos teriam que se adaptar de qualquer maneira. Anete procurou escola para os filhos e conseguiu uma bem perto de sua casa e nessa mesma escola, ela conseguiu trabalhar, como professora, já que havia pedido transferência da escola anterior onde trabalhava. Recomeçar é uma palavra difícil e Anete sabia que os problemas estavam só começando.



Débora Benvenuti