segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A SAUDADE ESTÁ DE VOLTA



A Saudade está de Volta

 

A Saudade está de volta
e bate desesperadamente à porta.
Finjo que não há ninguém em casa,
mas ela astuta.abre a porta e entra.
Ouço seus lamentos,
trazidos pelo vento.
A cortina do meu quarto
rodopia alegremente,
como se estivesse a recordar
suaves tardes outonais,
que não voltarão jamais.
E o meu pensamento traz de volta
tantos sentimentos,
esquecidos num canto escuro
da minha mente.
Em câmera lenta,
vejo esses momentos
se desfazendo em flocos de saudade,
que caiem lentamente
sobre o meu corpo inerte.
Saudade é uma palavra ardente,
que queima os nossos sentimentos,
de forma intermitente.
Ela vai e vem tão sorrateira,
que não deixa marcas na soleira.
Saudade vai,
Saudade vem.
A Saudade nunca se contém,
Nunca sabe se vai...
Ou se vem!


Débora Benvenuti

sábado, 23 de outubro de 2010

ZEFFIRO


 

Zeffiro

 


De que vale sonhar,
se os sonhos que eu tenho
eu não posso realizar?
Por que te espero,
se eu não sei onde eu
posso te encontrar?
Perguntei uma vez ao vento,
se um dia ele saberia me levar,
onde teus passos costumavam
passear?
E ele segredou ao meu ouvido...
Eu sou o zeffiro e por onde eu passo,
sopro suave e com o meu canto,
te acalanto e te faço assim sonhar...
Como um pássaro que ousa
nesse espaço planar...
Assim é o meu canto, meu encanto,
sonhos tantos que já não sei mais
se o meu canto te encanta ou
se me faz assim sonhar...


Débora Benvenuti


 

ABISMO DE SONHOS




Abismo de Sonhos

 

Alço o vôo frenético da revoada
e me lanço no espaço.
Tal qual gaivota planando no ar,
me sinto transportar.
Meu pensamento me leva a flutuar
pela imensidão de um céu de outono,
que há muito se fez silenciar.
Não ouço mais a tua voz
no meu ouvido a sussurrar.
Será que a brisa
parou de soprar?
Ou serei eu que não
posso mais te escutar?
Ao longe percebo a linha do horizonte,
que se tinge de vermelho
e faz meu coração soluçar.
É mais um dia que acaba por findar,
sem que os meus sonhos
eu possa realizar.
A noite se apropria do dia,
não há como evitar.
Tal qual meus sonhos
quando caiem no abismo
e eu não os consigo resgatar.
É só mais um sonho
e eu acabo por despertar.



Débora Benvenuti


domingo, 17 de outubro de 2010

AMOR PROIBIDO



Amor Proibido



Quem disse que amar é viver no paraíso,
está muito enganado.
Amar é viver um sonho proibido.
É esperar que o dia amanheça
e nem sempre ter ao nosso lado
quem se deseja...
É fogo que não queima,
Brasa que nunca apaga.
É vendaval de paixões
e algumas desilusões.
É querer ter sempre perto
e viver num deserto.
É desejo mal contido
explodindo em nosso peito.
É querer um abraço,
estender os braços
e abraçar o desconhecido.
É o hoje somente.
O amanhã que chora lágrimas
de ausência
é o passado que nunca se fez presente!


Débora Benvenuti

sábado, 16 de outubro de 2010

SONHOS DE OUTONO

 



Sonhos de Outono

 

Durante muito tempo eu andei
procurando por você e não encontrei.
Caminhando pelo bosque,
à sombra de um pé de plátano eu avistei
algumas folhas secas,
que os últimos raios de sol aqueciam
e me deitei,
naquela aconchegante e macia cama
de folhas secas e vazias.
Ouvindo o farfalhar das folhas,
sopradas pela brisa da noite,
eu presenciei,
as primeiras estrelas no céu a piscar,
num inebriante cintilar,
que me fizeram dormir e sonhar.
Era um sonho tão real
que pensei que não fosse mais acordar.
Nele você me dizia,
que ao meu encontro você viria,
e que nós dois estaríamos para sempre juntos,
e eu então diria que o meu amor
por você ainda existia.


Débora Benvenuti

QUANDO OS SONHOS ADORMECEM


Quando os Sonhos Adormecem



Quando eu era bem pequena,
Sonhava ser Arquiteta,
Arquitetava vários sonhos
e os sonhava realizar.
Sonhava em construir uma casa
e eu mesma decorar.
Esses eram sonhos
que eu vivia a sonhar
e para isso fui estudar.
Não fui ser Arquiteta,
Mas em Decoração fui me formar.
Na escola da vida,
meus estudos resolvi protelar,
porque aos meus filhos
decidi me dedicar.
Passaram-se anos, muitos anos
e aquele antigo sonho fui encontrar,
escondido num cantinho,
que nunca mais fui visitar.
Encontrei o sonho ainda encoberto,
pela  poeira que lá foi se acumular.
Decidi que era hora desse sonho realizar.
Fui com a minha filha fazer o tal vestibular
para a universidade poder freqüentar.
Ela foi fazer jornalismo e eu,
a  tão sonhada Arquitetura ,
aquele sonho antigo,
 que eu vivia a arquitetar
e que não queria se aquietar.
Somos hoje duas acadêmicas.
Mas faculdade particular ?
É um sonho muito caro
que não vou poder pagar...
Todo sonho tem um preço
e o meu vai ficar adormecido,
num cantinho escondido,
Até outra vez poder sonhar...


Débora Benvenuti


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O MALABARISTA






O Malabarista


O malabarista se equilibra
na corda bamba da vida.
Ri da própria desgraça,
feito um palhaço sem graça.
Lá no alto,
olha o mundo a sua volta.
Pensa, medita, acredita.
Em seus próprios sonhos
não encontra a saída.
As luzem se apagam
e os aplausos acabam.
No palco da vida
a estréia é uma comédia,
começa com risos e termina
em tragédia.
Não há mais a quem iludir
e o malabarista se torna
um eterno aprendiz,
de tudo aquilo
que um dia não quis.
Começar do princípio,
as suas condições não condiz.
E o que era para ser,
deixou de acontecer,
por culpa de um malabarista
que na corda bamba,
se deixou adormecer.


Débora Benvenuti









O CÍRCULO



O Círculo




Sentimentos incoerentes,
Sensações inconseqüentes.
São estes sentimentos
que invadem a alma da gente.
O círculo se fecha
e roda intermitente.
Depois de estar lá dentro,
ninguém mais sai nem entra.
O sentimento sofre com o desgaste,
tudo muda de repente.
E o que era belo
se torna um sofrimento.
Ninguém mais sai nem entra
e o círculo gira intermitente...
Quando pára,
é só por um momento.
Mas estamos tão obcecados
que é difícil sair de dentro.
Espiamos para fora,
mas o medo nos apavora.
Será que teremos tempo
de girar o círculo novamente?
Experimentar novos sentimentos
e entrar em outro círculo,
Com uma pessoa diferente?
A sorte está lançada
e o círculo gira indiferente...
Quem está dentro quer sair,
quem está fora quer entrar.
Você sai ou entra?



Débora Benvenuti