domingo, 5 de junho de 2011

O Espelho


O Espelho



Te vejo
refletido no espelho
da minha alma.
Teu rosto
eu desejo tocar,
mas não consigo
vislumbrar
o teu vulto
no escuro
do meu pensar.
São imagens confusas,
que a luz difusa
cria espectros
na retina
do meu olhar
e me impedem
de dissipar
a neblina que se forma
quando tento a tua imagem
assim formar.
Te vejo,
te desejo,
mas percebo
que só existes
na imagem que se reflete
dentro do espelho
do meu sonhar...

Débora Benvenuti

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Emoção e a Esperança



A Emoção e a Esperança


A Emoção estava adormecida há muito tempo.Por mais que ela tentasse se manter acordada,estava sempre sonolenta a maior parte do tempo. Sua amiga Esperança,preocupava-se com ela. Sentava-se ao lado de sua cama e mesmo percebendo que a Emoção dormia,falava suave a seus ouvidos,esperando que algum dia a amiga pudesse ouvi-la. Mas a Emoção continuava impassível. Nenhum músculo em seu rosto demonstrava que ela ouvia ou que sentia alguma coisa. Apesar de todos os esforços parecerem inúteis, a Esperança continuava ao lado da Emoção. Ficava horas observando as feições da amiga, pois sabia que em algum momento a Emoção deixaria transparecer algum sentimento. Até que um dia, uma lágrima escorreu pelo rosto da Emoção e ela lentamente abriu os olhos, como se despertasse de um longo sonho. A Esperança sentiu uma alegria imensa ao perceber que a amiga estava reagindo. Pegou um lencinho de papel e delicadamente secou a lágrima,que teimosa, insistia em escorrer pelo rosto da Emoção e assim que ela despertou por completo, uma sensação de paz tomou conta do seu rosto. Aos pouco, a Esperança foi descobrindo o que deixara a amiga naquele estado de letargia. Não queria parecer indiscreta,mas não se conteve e perguntou a amiga o que estava acontecendo. A Emoção, então respondeu,falando devagar, como se estivesse muito cansada:
- Eu estive a espera de um grande amor. Esperei por ele todos os dias. O imaginei chegando e  fazendo-me sentir todas as sensações que eu queria sentir.
-E o que aconteceu? Esse amor chegou ou não? Perguntou a Esperança, curiosa.
- Eu até pensei que ele tivesse chegado. Senti meu coração bater descompassado com aquela sensação de felicidade invadindo todos os meus poros...
- E não era o amor, quem estivera a bater a tua porta?
- Tudo parecia estar perfeito. Poderia ser o indício de um grande amor, mas acho que ele não estava preparado para viver aquele momento.
- E o que foi que aconteceu,depois de o teres encontrado?
- Não sei exatamente o que houve,ele simplesmente não deu mais notícias.
- Como assim,não deu mais noticias? Quer dizer que ele desapareceu, assim,como num toque de mágica?
- Pois foi exatamente isso o que aconteceu. Ele parecia ser muito honesto em tudo o que dizia,mas me deixou com a alma vazia. Com aquela sensação de que tudo não passou de uma ilusão.
A Esperança sorvia cada palavra da amiga e enquanto ela falava,ia pensando em algo para dizer,que fizesse a Emoção voltar a sentir as mesmas sensações que a faziam se sentir mais animada. Não era fácil fazer a Emoção demonstrar sentimentos,mesmo assim,depois que a amiga terminou de falar, ponderou:
- Pense em todas as possibilidades que o fizeram se afastar sem nenhum motivo aparente e não se deixe abater com sentimentos sombrios. Lembre-se que por detrás das nuvens o sol continua a brilhar...

Débora Benvenuti

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Além do Tempo





Além do Tempo 




Há sempre um momento

 em que sentimos
 
que existe algo
 
que transcende o próprio tempo.
 
Não há explicação
 
que se compare a essa emoção,
 
que nos faz ficar perdidos,

 como um barco à deriva
 
num mar de agitação.
 
São ondas gigantescas,
 
que nos carregam de qualquer jeito,
 
sem que tenhamos reação.
 
É esse tal sentimento,
 
que chamamos fascinação.
 
Ele surge tão de repente
 
e nos encontra ainda desfeitos,
 
sem saber se é direito,
 
se é chama ou se é paixão.
 
Incendeia-nos a alma
 
e nos aquece o coração.
 
Não se pode dizer

 que é ilusão.
 
São coisas que acontecem
 
e não podemos dizer não.
 
É chuva, é sol, é calor

 é tudo misturado
 
numa mesma estação.
 
E que sensação é essa,
 
que nos tira a razão?
 
Nos faz fazer coisas
 
que não faríamos em outra ocasião?

 À que chamamos isso,
 
será Amor ou Paixão?




Débora Benvenuti

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Não me fales de Amor




Não me fales de Amor




Não me fales de Amor,
se não for Amor...
Não digas que me amas,
se o teu coração te engana.
São apenas desejos
de alguém que ainda não conheço,
embora o meu desejo
com o teu se pareça,
e no meu coração
a tua imagem permaneça.
Não me fales de Amor,
Se não for Amor...
Quero que o nosso encontro aconteça
da forma mais perfeita,
numa ilha paradisíaca,
onde no céu somente as estrelas
ainda permaneçam,
depois que nossos corpos ardentes
saciarem todos os seus desejos, 
como a estrela do mar
encontra o seu amor perfeito,
ainda que para isso
possa somente no céu imaginar
a sua estrela encontrar e a ela,
somente a ela...poder Amar...

Débora Benvenuti

Estranho Sentimento



Estranho Sentimento



Que estranho sentimento,
que cultivo em alguns momentos.
Há quem diga que é amor
ou talvez seja o amor
que me pergunte
o que eu desejo.
É com ele que eu expresso
os meus sonhos mais secretos.
Como quero esse amor, 
se vestido de cupido
ou se em versos esculpido?
Não sei se é em sonhos 
que me vejo assim possuída, 
por desejos mal contidos
ou por contidos desejos.
Que estranho amor confessa o poeta,
quando em versos desperta
os mais belos sentimentos,
nascidos de um momento
de raro encantamento.



Débora Benvenuti

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

SENTIMENTOS




Sentimentos



Momentos,
Fragmentos,
Sentimentos.
Pedaços de mim
Transformados em ilusão.
Folhas secas
Caídas pelo chão.
Espera que se transforma
em solidão.
Desejos ocultos
que vem e vão,
como brisa
soprando no verão.
Doce engano,
que se repete
a cada estação.
Sentimento,
Ausência,
Espera de um sentimento
que se esvai,
Como bolhas de sabão.
Triste,
Solitária,
vagando na imensidão
de um céu amarelado
pincelado com tintas de açafrão,
na cor da solidão...


Débora Benvenuti

sábado, 15 de janeiro de 2011

CAMINHANTES



Caminhantes


Há um caminho estreito
por onde passam tantos caminhantes.
Alguns desistem e se jogam a um canto,
cansados, oprimidos, ofegantes.
Os fardos que carregam pesam tanto,
que a caminhada se torna desgastante.
Muitos continuam a caminhada
rumo a um novo amanhecer,
mesmo não sabendo
 o que lhes possa acontecer.
O que importa é não desistir,
mesmo que muitos possam insistir
e dizer que é hora de retroceder,
que a caminhada é longa
e que você não vai conseguir.
Se sentires que os teus pés
estão dormentes
e que já não consegues seguir adiante,
não desanimes, seja confiante.
Descanse por um momento,
mas não ouças o que te dizem neste instante,
pois quem já desistiu,
há muito esqueceu o valor de ser constante.
Há uma luz no final do túnel
e o caminho é longo e tortuoso,
mas se continuares com alento,
por certo encontrarás essa luz
a luzir intermitente...

Débora Benvenuti

domingo, 9 de janeiro de 2011

ASAS DA LIBERDADE



Asas da Liberdade


Impossível decidir
um caminho a seguir,
quando se tem
tantas opções
e nenhuma condição
de prosseguir.
Sempre haverá
uma condição
e se não houvesse
 o “Se”
não existiriam tantas
aflições.
Se eu fosse por aqui
e logo adiante percebesse
que o caminho
não era esse,
seguiria em frente
ou voltaria sob
os meus próprios interesses?
Que mundo é esse,
que me impede de escolher,
para onde eu devo ir?
Qual o preço da liberdade
“Se”
As asas estão quebradas?


Débora Benvenuti