quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Se houvesse Amanhã



Anoitece...
Mais uma vez anoitece,
e tudo se torna escuro e sombrio,
meu coração se entristece,
quando vê que padece,
de uma dor que nunca sentiu.
Você chegou e partiu,
numa noite quente e estrelada,
quando ainda era madrugada
e nem me disse o que faria.
se um dia me encontrasse
e me visse assim tão cansada.
A cada instante eu sinto,
que se houvesse um outro amanhã,
Ele nos encontraria deitados,
novamente no mesmo divã.
E assim, como quem não quer nada,
você me diria,
que a roupa você não tiraria,
enquanto eu estivesse calada,
e como eu não dissesse
o quanto eu queria,
você saberia,
o que nós dois viveríamos,
e assim, esse dia,eu lembraria,
de um menino levado,
que só fica deitado,
enquanto meu corpo suado,
me diz que é nesse abraço,
que escorrego nos teus braços
e me perco no teu cansaço!


Débora Benvenuti

As duas Portas




Sigo por uma estrada
quase sempre sozinha,
e por mais que eu caminhe,
meus passos cansados
da longa jornada,
tropeçam exaustos
nas pedras do caminho.
Percebo ainda que tenho
muito que andar,
nesta longa jornada
não posso parar.
Se juntasse as pedras
que encontrei nesta estrada,
na certa daria para
uma cabana construir,
e nela meu corpo cansado
poderia dormir.
E sempre que durmo,
acordo assustada,
é que o caminho
não é mais uma estrada.
Ao longe percebo
que há duas entradas
e a escolha fica mais complicada:
- Qual destas portas eu devo abrir?
E se depois de aberta,
se eu devo seguir.
Então fico na dúvida,
se não é a outra porta
que eu devo abrir.
Enquanto hesito...desisto.
E as duas portas trancadas
eu deixo de abrir...


Débora Benvenuti

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Simplesmente...Homem





Um ser místico, misterioso,
muitas vezes ansioso,
mas sempre capaz de esperar
e muitas vezes analisar
os seus instintos mais
primitivos.
Observador,
de notado valor,
muitas vezes inovador
nos seus desejos
de seduzir a mulher.
Quando quer alcançar
os seus objetivos,
o homem não vê obstáculos.
A tudo se sobrepõe
e muitas vezes se engana
no frenesi que lhe é peculiar
ao se deparar
com os desejos da mulher.
A conquista é a sua meta,
mas nem sempre usa a palavra certa.
Escorrega no próprio enredo,
muitas vezes acometido pelo medo.
Ser Homem...simplesmente um Homem
é uma condição que o faz
se sentir muitas vezes sem chão.
Quando a conquista foge de suas mãos,
precisa reaver seu valores,
colocar as cartas na mesa
e jogar o jogo da mulher,
se quiser bater a carta
que lhe fará vencer
todas as suas incertezas.



Débora Benvenuti

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sem pensar em nada






Já pensei em não pensar em nada,
Mas em nada nunca deixo de pensar.
O pensamento me dá asas,
Mas as asas às vezes me fazem cansar.
Planejo infinitos voos,   
Na esperança de te encontrar,
Mas quanto mais eu penso,
Mais eu penso em não pensar.
Como o voo da gaivota,
Lá do alto fico a te fitar.
E quanto mais alto eu voo,
Mais triste fica o meu pensar.
Penso no que tu pensas,
E o tempo todo  fico  a divagar.
Se o amor que eu sinto é seu por inteiro,
Ou se por inteiro é o amor que pensas me dar.
Minhas asas já não suportam mais
Ficar tanto tempo sem viajar.
Se me perco nos meus pensamentos,
Fico sem saber o que pensar.
E sem pensar em nada,
Fico aqui a te esperar.



Débora Benvenuti

sábado, 12 de julho de 2014

Presságios









Meu avô foi um grande contador de estórias. Ele reunia os netos todos ao redor dele e nos contava estórias de assombração. Uma noite, em que estávamos ouvindo um destes “causos”,no momento em que ele dizia que alguém batia à porta, ouvimos três “toc-toc”. Pensamos que fosse o nosso avô que havia batido na mesa, sem que percebêssemos. Mas em poucos segundos, ouvimos novamente as mesmas batidas. Meu avô pediu que alguém fosse ver a porta, mas nenhum de nós quis ir. Ficamos nos olhando, apavorados e dizíamos uns para os outros: vai você e o outro dizia: eu não e assim um empurrava para o outro a difícil façanha de abrir a porta. Os toques se repetiam e então eu fui, pé ante pé, espiar  pela cortina da porta. Era uma assombração...? Claro que não. Era apenas o noivo da minha tia que vinha buscá-la. Respiramos aliviados. Mas na hora de voltarmos para a casa, foi uma correria só. Todos apavorados com as estórias do avô. Muito tempo depois, minha mãe nos contou que meu avô era vidente e que todas as estórias que ele nos contava, eram verdadeiras. Na época em que ele trabalhava, havia exercido a função de delegado de polícia e em muitas noites, precisava sair para resolver algum problema. Ele nos contou que certa vez, em uma noite muito escura, ele passava em frente ao cemitério e viu um homem montado em um cavalo branco, sair e o acompanhar por um longo tempo, sem nada falar. Cavalgava ao lado dele. Depois, em uma encruzilhada, o cavaleiro desapareceu. Desde essa época, que eu sou apaixonada por estes contos de mistérios. E acredito que tenha herdado dele, não a vidência, mas a sensação de que algo está para acontecer, sem que ao certo eu saiba o quê. Tem coisas que eu gostaria de fazer e não faço. Mesmo sabendo que precisava fazer. Tive essa sensação várias vezes. Ao me despedir da minha mãe, que ficou hospitalizada na noite em que faleceu, eu quis dar um beijo nela, mas não consegui. Apenas disse a ela que viria buscá-la no dia seguinte. Vi alguma coisa nos olhos dela, que me deram uma estranha sensação. Algo que eu não queria interpretar, mas lembro até hoje e me arrependo de ter negado a ela esse gesto tão simples. Apenas toquei nas mãos dela ao me despedir. No outro dia, fui buscá-la, como havia prometido, mas foi apenas para acompanhá-la até a sua última morada. Algum tempo depois, eu estava na cozinha do meu Cyber Café, e tive uma estranha sensação: olhei para o lado e vi dois pares de pernas, do joelho para baixo, descalços, passar de uma sala e atravessar a parede do banheiro. Eu sabia que era ela, porque havia partido sem calçados. A enfermeira que cuidava dela, insistiu que não era necessário. Pois ela me apareceu assim, para que eu soubesse que era ela. No mesmo momento, me ajoelhei onde a vi passar e fiz uma oração por ela. Contei para os meus filhos e eles me disseram que também tinham visto a mesma coisa. Pedi a um médium que a incluísse nas orações e depois disso, nada mais eu vi. Mas fiz a mesma coisa com o meu ex-marido. Ele viera para a formatura da nossa filha e na manhã em que foi embora, do meu quarto eu ouvi ele dizer aos meus filhos que me deixava um beijo. Eu não sei por que não quis me levantar e me despedir dele. O fato é que dois meses depois, ele também se foi. Mas sei que está por perto e quer me dizer alguma coisa, porque várias vezes o ouvi falar ao meu ouvido, não quando estou dormindo, mas naquelas horas vazias da noite em que se ouve só o silêncio. Senti essa mesma sensação, quando perdi meu irmão. Éramos muito unidos e durante vários anos eu senti a mesma coisa que ele sentiu, quando teve um ataque cardíaco.
No exato momento em que ele partiu, eu estava em frente a um espelho, no quarto da minha mãe e percebi que o quarto havia ficado gelado, de repente. Olhei o relógio dele, que estava em cima da cômoda e vi que havia parado às 11 horas da manhã. Alguns minutos depois, tocaram a campainha para avisar que ele havia partido. Muitos anos se passaram, até que eu entrei em contado com uma senhora que psicografava mensagens. Ele me deixou uma mensagem muito bonita, a qual eu publiquei, em vídeo também e chamei de “Mensagem de Adeus”.
http://colchaderetalhos13.blogspot.com.br/2012/05/mensagem-de-adeus.html?view=snapshot
Depois que li a mensagem e soube que ele era meu anjo protetor, aquela sensação de que alguém tocava o meu ombro, nos momentos em que estava só, nunca mais aconteceu.


Débora Benvenuti

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Um dia de cada vez





Um dia, quando ainda era muito jovem, eu tive muitos sonhos. Queria muito saber como seria meu príncipe encantado. Lia muitos contos de fada e viajava na imaginação. Depois de muitos anos, quando eu menos  esperava, encontrei um homem com quem me casei e tive dois filhos. Eu os chamei de Larissa e Evan Noah. E fui vivendo, um dia de cada vez. O príncipe não era mais príncipe e eu acabei ficando sozinha. Estou narrando estes fatos, para que você, um dia os possa ler e saber quem foi a sua avó. Eu ainda não sei se você será uma menina ou um menino, mas isto não importa. O que quero  te dizer é que a tua avó foi uma grande sonhadora, que um dia resolveu contar a estória da vida dela e desde esse dia, não parou mais. É claro que você vai ler muitos poemas (e tenho certeza de que vais gostar), pois foram os momentos vividos por esta tua avó, que deseja viver muitos e muitos anos para te ver crescer e ser uma pessoa linda por dentro e por fora. Sei que você nunca conhecerá teus avôs, porque eles partiram muito cedo, mas tenho certeza que eles estarão guiando os teus passos, por onde quer que andares. Mas terás duas avós, que estão muito felizes com a tua chegada. Estamos torcendo para que sejas um bebê lindo e que venha com muita saúde. Não sei se terei tempo de ver você lendo estas palavras, mas onde quer que eu esteja neste momento, estarei segurando a tua mão com todo o amor e te guiando pelos caminhos que terás que trilhar. Teus pais se chamam Joe e Larissa.
                            Com amor,




Débora Benvenuti

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Aprendendo a ser Avó




Não faz muito tempo que eu me preparei para ser mãe e esse tempo passou tão depressa que nem tive tempo de pensar em ser avó. Mas as coisas acontecem tão depressa, que ainda não me caiu a ficha. Quando a minha filha chegou em casa, me dando os parabéns, eu logo fiquei imaginando que ela havia sido promovida ou passado em algum concurso. Custei a entender o que ela queria dizer. É claro que ser avó eu sabia que um dia seria, mas esperava que fosse num futuro muito longínquo. Estou completamente sem saber o que fazer. Exatamente quando descobri que estava grávida. Parece que um turbilhão de emoções se apropriam do nosso ser e ficamos sem conseguir pensar direito. Não sei o que faço primeiro. Até esqueci que criei dois filhos sozinha. Terei que aprender tudo novamente. Só que desta vez, as preocupações vem em dose dupla. Fico o tempo todo pensando se a minha filha está se cuidando direito, se não está comendo nenhuma coisa que possa fazer mal ao bebê e assim os dias vão se passando. Sou marinheira de primeira viagem, ou melhor dizendo, avó de primeira viagem. A melhor coisa que tenho no momento é a internet, a qual posso consultar a qualquer hora do dia ou da noite, coisa que não tinha quando estava grávida dos meu filhos. Isso até me deixa mais tranquila, embora as preocupações continuem a ser as mesmas. Um bebê, sempre será um bebê, diferente de todos os outros. Será único, mas terá uma avó sempre presente, se Deus assim o permitir.



Débora Benvenuti

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Aprendendo a ser Mãe





Não existe nenhuma cartilha ensinando como ser “Mãe”, porque nem todas as mães são iguais, por mais que se pareçam. Este é um aprendizado longo e eterno e você vai ter que aprender sozinha, como eu aprendi. Não é fácil, mas também não é difícil. Só tens que pensar agora neste ser indefeso que carregas no teu ventre. Ele é fruto de um momento de amor e como os momentos seguintes, deve ser o motivo maior das tuas preocupações, porque você agora recebeu o presente mais precioso que Deus poderia dar a uma mulher: o dom de ser Mãe. Não são todas as mulheres que recebem esta dádiva. Muitas fazem o impossível para se tornarem mães e não conseguem. Portanto, minha filha, pense sempre em primeiro lugar nesse bebezinho lindo que agora já podes chamar de filho. Pense nele em todos os momentos, porque ele é parte de você e é o maior tesouro que poderias receber. Um filho é para sempre e é a certeza de que você viveu a plenitude do amor em todo o seu significado. Eu vou ser avó. É a primeira vez que escrevo essa palavra. Preciso me acostumar com ela. Só desejo que a tua gestação seja plena de saúde e alegria e saibas desde já, que esse bebê vai ser iluminado e dar muita alegria a todos nós.





Débora Benvenuti

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Estrada sem fim



É uma longa estrada
Pela qual caminho há tanto tempo.
Não sei ao certo o que procuro,
Só sinto que o cansaço me tortura.
É uma estrada sem fim,
Onde o começo eu desconheço,
E mesmo assim, insisto em prosseguir.
Sei que em algum lugar alguém me espera,
Mas eu já não sei aonde ir.
Há sempre dois caminhos,
Mas qual deles escolher...?
Se por um caminho eu prosseguir
E por ele não poder mais voltar,
Que direi ao destino
Quando ele me encontrar?
Se a escolha foi minha,
Do que estou a me questionar?
E se tivesse escolhido outro caminho,
Teria desistido de procurar?
O que existe ao final da estrada,
Se a estrada for só um caminho?




Débora Benvenuti

terça-feira, 24 de junho de 2014

Folhas ao vento




Direi ao vento a todo o momento,
as palavras de amor que nunca falei
e talvez você, onde estiver,
as possas ouvir de uma outra mulher...
Então saberás,
que essas mesmas palavras
jogadas ao vento
é um triste lamento
que se perderam no tempo do meu pensamento.
São palavras sussurradas com tanta emoção
que ainda fazem eco no meu coração.
E tu as dissestes com convicção,
e isso me faz pensar como é triste a solidão,
de quem acreditou nessa suave canção
que embala os meus sonhos,
quando adormeço,
com a tua imagem no meu coração.



Débora Benvenuti