O Andarilho
Meu coração se despiu de todo o sentimento
E perambulou sem esperança,
Amarrado a um raio de luar.
Viajou nas entrelinhas dos meus versos
E se perdeu no universo.
Fez-se noite,
E o andarilho despido de todo o seu conforto,
Fingiu-se de morto
Para não ser reconhecido
Quando estivesse adormecido.
Sentiu o frio descendo em flocos
E em flocos seu coração se transformou.
Doía-lhe a alma ferida,
Ausência do ser mais querido
Transformado em desejos contidos.
Não queria se perder,
Mas ao amanhecer,
Sentiu que já não sentia mais dor.
Havia congelado o sonho,
Triste sonho de um andarilho
Que não sonhava mais com o amor.
Débora Benvenuti
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