domingo, 24 de junho de 2018

ONDE NASCEM OS SENTIMENTOS




Onde nascem esses sentimentos,
que sentimos e nem sempre conseguimos
definir ou transmitir?
Como explicar o que não tem explicação?
Que palavras usar quando não sabemos
o que acontece
e o nosso coração emudece?
Em que momento isso acontece?
Quando olhamos e não vemos,
sentimos e não expressamos,
percebemos e não entendemos
e assim nos perdemos,
sem saber que nome dar
a esse sentimento que nos
aprisiona e nos faz pensar,
que estamos navegando em alto mar?
E essas ondas gigantescas
que não nos deixam respirar
e só nos conduzem para o caos
mais obscuro de nossas almas,
onde tudo é confuso
e onde não há o que buscar?
Como explicar um sentimento,
que nem eu mesma sei que nome dar?



Débora Benvenuti

Além do Tempo


Há sempre um momento
em que sentimos
que existe algo
que transcende o próprio
tempo.
Não há explicação
que se compare a
essa emoção,
que nos faz ficar
perdidos,
como um barco à deriva
num mar de agitação.
São ondas gigantescas,
que nos carregam
de qualquer jeito,
sem que tenhamos reação.
É esse tal sentimento,
que chamamos fascinação.
Ele surge tão de repente
e nos encontra ainda desfeitos,
sem saber se é direito,
se é chama ou se é paixão.
Nos incendeia a alma
e nos aquece o coração.
Não se pode dizer
que é ilusão,
são coisas que acontecem
e não podemos dizer não.
É chuva, é sol, é calor
é tudo misturado
numa mesma estação.
E que sensação é essa,
que nos tira a razão?
Nos faz fazer coisas
que não faríamos
em outra ocasião?
À que chamamos isso,
será Amor ou Paixão?



Débora Benvenuti

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Vários Tons de Cinza

O Cinza amanheceu cinzento, mas de uma tonalidade tão marcante que até ele próprio se desconheceu. Olhou ao redor e percebeu que naquele momento, haviam vários tons de cinza, dos quais ele jamais havia visto. Havia cinza no amanhecer, mas não era um tom de cinza qualquer. Era uma tonalidade de cinza fumê, daquele tom que se obtém quando se usa o esfuminho para tonalizar um desenho. E havia cinza também nas janelas das casas. Mas estas cinzas foram deixadas ali pelo próprio tempo, que se encarregara de tornar aquele tom de cinza impossível de se reproduzir. E o Cinza se espalhava rapidamente, como se quisesse penetrar na alma das pessoas. Muitas vezes era isso mesmo que ele queria: tornar o interior das pessoas tão cinzento que até mesmo uma erva daninha ali não se reproduzia. Mas por que o Cinza queria tornar tudo cinza? Talvez nem ele mesmo soubesse. Não que se sentisse menos nobre por ser cinza. Haviam vários tons de cinza que eram nobres e ficavam muito bem em qualquer lugar. Mas era porque ele mesmo se sentia cinza. Por dentro e por fora. Se ao menos fosse cinza só por fora e por dentro houvesse uma luz interior que tornasse o Cinza em cinza prateado. Prateado? Mas por que não pensara nisso antes? O cinza prateado era uma cor perfeita! E pensando assim, o Cinza percebeu que poderia ser tudo o que ele quisesse ser. Poderia ter todas as tonalidades que quisesse e assim poderia mudar o pensamento das pessoas. Tudo o que fosse um cinza desbotado e sem vida, poderia renascer das cinzas e se tornar tão nobre quanto o próprio Cinza, depois de cada amanhecer. Bastava que seu coração fosse nobre, não importando o tom de cinza...


Débora Benvenuti

domingo, 26 de março de 2017

Melancolia







Quando o sol desmaia languidamente
no horizonte,
uma melancolia me acompanha
neste instante.
A noite se aproxima
e com ela os meus medos
vagueiam em cada esquina.
Como fantasmas surgidos do nada,
invadem a noite e no meu
quarto fazem morada.
E os vejo assim desfocados,
como sonâmbulos
na madrugada.
São sentimentos equivocados
que não mais são evitados.
Fazem parte dessa rotina
e me deixam assim agoniada.
As horas se arrastam
nessa cruel monotonia,
e eu me sinto só,
sem a tua companhia.
É mais uma noite
em que teço com fios prateados,
um céu estrelado,
uma lua prateada e
a tua imagem
nesse tapete mágico bordado.



Débora Benvenuti

quarta-feira, 8 de março de 2017

Mãe







Não há definição
para a palavra Mãe!
Por mais que eu procure
uma explicação,
nunca vou encontrar algo que defina
essa sensação de ser Mãe.
Um palavra tão pequena,
para quem o tempo não existe.
Noites inteiras,
com os filhos pequenos,
observando o seu sono
para ver se a febre
ficou mais amena...
Amor de Mãe,
não tem explicação,
foi assim que aprendi
uma grande lição,
vendo na minha mãe,
a dedicação que dispensava aos filhos,
esquecendo-se dela própria
para dar educação
aquelas crianças às quais dizia
não serem dela,
serem apenas uma dádiva,
que Deus colocou em suas mãos,
para que cuidasse delas
e os transformasse em cidadãos,
pessoas honestas, sem máculas
nem manchas em sua criação.
E com esta percepção,
criou os seus filhos,
e com esta mulher
aprendi uma grande lição,
que ensino aos meus filhos
com todo o meu coração
e espero que eles um dia
passem aos seus filhos
os ensinamentos que recebemos
da minha Mãe!



Débora Benvenuti 

Dedicado à minha filha Larissa Benvenuti Varella

domingo, 22 de janeiro de 2017

Por que não falei de Amor



Não vou mais falar de amor,
por que já não sei mais o que é esse sentimento,
que ainda insiste em viver no meu peito
e me diz que o que eu sinto
é o soprar do vento que tenta inutilmente
me dizer que ainda existo.
Mas não vou mais falar de amor com o Amor.
Esse amor que um dia existiu,
mas que desistiu de ser amor para ser
algo que nunca sentiu.
Se não foi amor, foi paixão.
Se foi paixão, não foi amor!
Por que o que um sente, o outro esquece.
Se o outro esquece,
 o amor emudece.
Por que não falei de amor?
Só mesmo o amor sabe o porque!


Débora Benvenuti

sábado, 10 de dezembro de 2016

Momentos





São fragmentos de sentimentos,
que se esvaem por entre os dedos,
como pedacinhos incontáveis
de um mosaico que o tempo dispôs
de maneira irreverente.
Quando os vejo,
 o meu desejo é tocá-los,
como se pudesse reorganizá-los
e encaixá-los novamente,
de uma forma diferente,
para poder reviver os momentos
mais marcantes.
O teu rosto eu retoco
com pinceladas de saudades.
 É assim vou levando,
no meu peito o teu retrato
e é com ele que me deito,
sempre tendo-o ao meu lado,
para que o tempo não desgaste
nem apague esses momentos
que ainda guardo no meu pensamento.



Débora Benvenuti

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Princesas Virtuais




Princesas virtuais são mulheres sensuais.
Seus castelos são feitos de sonhos,
seus sonhos são muito reais.
Nas janelas dos seus castelos há uma enorme tela.
Mensagens são digitadas e enviadas aos 
cavaleiros virtuais,
que esperam por suas donzelas em velozes alazões
muitas vezes confundidos com o  cavalo de Tróia,
combatido, mas nem sempre destruído.
 E as princesas são seduzidas,
muitas delas abduzidas.
Mas isso não é mistério
que não possa ser resolvido.
Princesas virtuais,
Agora mais que reais.
Viajam em corcéis alados,
São belas e sensuais.
E não vivem por muito tempo
Uma estória que não for real. 


Débora Benvenuti

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Quem é você?







Quem é você,
que me olha e não me vê?
Quem é você,
que me fala e não me escuta?
Quem é você,
que aparece nos meus sonhos,
mas comigo não sonha?
Quem é você,
que diz que me ama e
assim que desperto,
não está mais por perto?
Quem é você,
que me fala de amor,
sem saber que o amor não tem o sabor
desse licor que os teus lábios contém?
Quem é você,
que me encanta e me fascina
e depois, como suave neblina
se esvai em cada esquina?
Quem é você,
que me aprisiona e me fascina
e me deixas assim tão sozinha?
Será...Você...?





Débora Benvenuti


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Coração Sonhador




A Imaginação viveu tanto tempo sem amor,
que nunca imaginou que encontraria
Um Coração Sonhador.
Percorrera longos caminhos, sempre sozinha,
e por mais que procurasse,
seu coração era um eterno sofredor.
A dor que sentia era algo que a oprimia
e não a deixava viver como queria.
O Coração Sonhador era muito namorador
e não se contentava em ter só um amor.
Fazia versos e declarava seus sentimentos
e assim se afirmava como um galanteador.
Mas como quem ama deseja ser amada
isto se tornava um fato desanimador.
E o tal Coração Sonhador,
tinha muita imaginação.
Quanto mais juras de amor fazia,
mais deixava a Imaginação
com a alma vazia.
A Imaginação sabia que os versos que ele fazia
não eram escritos só para ela,
eram só fantasias.
E ele esperava por uma declaração,
pois acreditava que seus versos,
haviam conquistado a Imaginação.
Houve um tempo em que os dois 
até acreditaram que poderiam viver 
um grande amor.
Mas como a Imaginação era muito esperta,
logo descobriu que o Coração Sonhador,
Era tudo, menos o seu amor.




Débora Benvenuti