domingo, 31 de outubro de 2021

A IMAGINAÇÃO E O BALÃO


 
O relógio acabava de bater as doze badaladas da meia noite quando a Imaginação percebeu que não estava sozinha. Já haviam lhe dito que havia o espírito de uma tia há muito falecida que estava sempre ao seu lado. Quem lhe havia dito isso, não lhe forneceu maiores detalhes. Mesmo assim ,a Imaginação continuou fazendo o que sempre fazia, apesar do horário já ter avançado noite adentro. Era hora em que todos dormiam e a Imaginação se aproveitava dessas horas vagas para fazer o que mais gostava: criar os laços de cabelo para a sua loja online. Ficava tão entretida nesses afazeres que muitas vezes nem percebia o avançar das horas. Nessa noite não foi diferente. De repente sentiu um calafrio e percebeu que um dos balões que o seu neto havia trazido de um aniversário e que estava em seu quarto,estava sendo carregado por alguma coisa invisível e pairava nos pés da cama. A Imaginação olhou assustada e quando percebeu que era apenas um balão cheio de gás hélio, não deu muita atenção. Continuou a fazer o que estava fazendo. Olhou mais uma vez para o lado e se perguntou como aquele balão viera até o seu quarto. Olhou novamente em direção ao balão e ele não estava mais lá. Olhou para todos os lados e então percebeu uma sombra acima de sua cabeça. Era o balão que pairava no ar, no teto do quarto.A Imaginação então se questionou: se o balão estava cheio de gás hélio, era para ele circular sempre preso ao teto e ele viera circulando em uma altura um pouco acima de um metro. Não havia vento algum. As janelas estavam fechadas. A Imaginação então procurou a sua filha que assistia TV na sala de jantar e pediu ajuda a ela. Contou que não iria dormir com aquele balão circulando pelo quarto. Imagina só se estivesse dormindo e fosse acordada por um balão pairando acima de sua cabeça. O fato é que o balão foi retirado do quarto e colocado em outro aposento, onde deve estar até agora. Com a porta fechada.

Débora Benvenuti

SENSAÇÕES

 





Amor,
Tens me aqui agora.
Que faço nessa hora,
em que te encontro assim despida,
de todos os sentidos
e na ânsia do desejo
sinto me nua,
mesmo sem ter sido...tua?
Que calor se espalha na minha face rubra,
que me deixa muda,
como se nunca tivesse experimentado
esse sentimento insano,
que me deixa tão estranha,
e me consome as entranhas?
É fogo que não se apaga,
Sensação que nunca acaba.
Tremor cálido de corpo que anseia
os prazeres que trago na alma,
que nunca saciei
e que não me acalma.
Sensações.
Estranhas sensações.
Insanas distorções
Em grandes proporções.



Débora Benvenuti

domingo, 24 de junho de 2018

Viagem sem Fim


Quando sabemos
que um amigo partiu,
naquela viagem que
não tem mais fim,
sentimos apenas um vazio,
o vazio de quem partiu
e nem se despediu...
Primeiro o silêncio
se faz ouvir,
um silêncio tão grande
que não preenche o vazio,
esse vazio
que se torna tão frio
a medida que vamos percebendo
o quanto essa ausência
nos irá ferir,
como gelo cortante,
um vento uivante:
- O sono permanente
de quem nunca mais
irá acordar,
nem sorrir,
nem chorar,
nem cantar,
apenas...repousar...?


Débora Benvenuti

Você





Você,
que me fez tão feliz,
que nem ao menos eu vi chegar
e já te vi partir.
Você,
que um dia eu sonhei amar
e que me deixas assim,
sem mesmo me explicar,
porque me fez sonhar.
Você,
que me fez chorar
e nem mesmo me deixou falar
das coisas que eu queria ter
e nem mesmo pude dizer.
Você,
que já me falou
coisas que eu queria ouvir
e hoje já não diz prá mim
se devo te esperar
ou desistir.
Você,
que eu amei
e nem mesmo sei porque
partiu sem me dizer adeus.
Você,
que ainda existe em mim,
e que na distância
de mim se despediu
e nem adeus
eu pude ouvir.
Você,
que nunca mais eu vi,
vais continuar a exisitir
até eu não mais conseguir
deixar de pensar em ti...



Débora Benvenuti

ONDE NASCEM OS SENTIMENTOS




Onde nascem esses sentimentos,
que sentimos e nem sempre conseguimos
definir ou transmitir?
Como explicar o que não tem explicação?
Que palavras usar quando não sabemos
o que acontece
e o nosso coração emudece?
Em que momento isso acontece?
Quando olhamos e não vemos,
sentimos e não expressamos,
percebemos e não entendemos
e assim nos perdemos,
sem saber que nome dar
a esse sentimento que nos
aprisiona e nos faz pensar,
que estamos navegando em alto mar?
E essas ondas gigantescas
que não nos deixam respirar
e só nos conduzem para o caos
mais obscuro de nossas almas,
onde tudo é confuso
e onde não há o que buscar?
Como explicar um sentimento,
que nem eu mesma sei que nome dar?



Débora Benvenuti

Além do Tempo


Há sempre um momento
em que sentimos
que existe algo
que transcende o próprio
tempo.
Não há explicação
que se compare a
essa emoção,
que nos faz ficar
perdidos,
como um barco à deriva
num mar de agitação.
São ondas gigantescas,
que nos carregam
de qualquer jeito,
sem que tenhamos reação.
É esse tal sentimento,
que chamamos fascinação.
Ele surge tão de repente
e nos encontra ainda desfeitos,
sem saber se é direito,
se é chama ou se é paixão.
Nos incendeia a alma
e nos aquece o coração.
Não se pode dizer
que é ilusão,
são coisas que acontecem
e não podemos dizer não.
É chuva, é sol, é calor
é tudo misturado
numa mesma estação.
E que sensação é essa,
que nos tira a razão?
Nos faz fazer coisas
que não faríamos
em outra ocasião?
À que chamamos isso,
será Amor ou Paixão?



Débora Benvenuti

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Vários Tons de Cinza

O Cinza amanheceu cinzento, mas de uma tonalidade tão marcante que até ele próprio se desconheceu. Olhou ao redor e percebeu que naquele momento, haviam vários tons de cinza, dos quais ele jamais havia visto. Havia cinza no amanhecer, mas não era um tom de cinza qualquer. Era uma tonalidade de cinza fumê, daquele tom que se obtém quando se usa o esfuminho para tonalizar um desenho. E havia cinza também nas janelas das casas. Mas estas cinzas foram deixadas ali pelo próprio tempo, que se encarregara de tornar aquele tom de cinza impossível de se reproduzir. E o Cinza se espalhava rapidamente, como se quisesse penetrar na alma das pessoas. Muitas vezes era isso mesmo que ele queria: tornar o interior das pessoas tão cinzento que até mesmo uma erva daninha ali não se reproduzia. Mas por que o Cinza queria tornar tudo cinza? Talvez nem ele mesmo soubesse. Não que se sentisse menos nobre por ser cinza. Haviam vários tons de cinza que eram nobres e ficavam muito bem em qualquer lugar. Mas era porque ele mesmo se sentia cinza. Por dentro e por fora. Se ao menos fosse cinza só por fora e por dentro houvesse uma luz interior que tornasse o Cinza em cinza prateado. Prateado? Mas por que não pensara nisso antes? O cinza prateado era uma cor perfeita! E pensando assim, o Cinza percebeu que poderia ser tudo o que ele quisesse ser. Poderia ter todas as tonalidades que quisesse e assim poderia mudar o pensamento das pessoas. Tudo o que fosse um cinza desbotado e sem vida, poderia renascer das cinzas e se tornar tão nobre quanto o próprio Cinza, depois de cada amanhecer. Bastava que seu coração fosse nobre, não importando o tom de cinza...


Débora Benvenuti

domingo, 26 de março de 2017

Melancolia







Quando o sol desmaia languidamente
no horizonte,
uma melancolia me acompanha
neste instante.
A noite se aproxima
e com ela os meus medos
vagueiam em cada esquina.
Como fantasmas surgidos do nada,
invadem a noite e no meu
quarto fazem morada.
E os vejo assim desfocados,
como sonâmbulos
na madrugada.
São sentimentos equivocados
que não mais são evitados.
Fazem parte dessa rotina
e me deixam assim agoniada.
As horas se arrastam
nessa cruel monotonia,
e eu me sinto só,
sem a tua companhia.
É mais uma noite
em que teço com fios prateados,
um céu estrelado,
uma lua prateada e
a tua imagem
nesse tapete mágico bordado.



Débora Benvenuti

quarta-feira, 8 de março de 2017

Mãe







Não há definição
para a palavra Mãe!
Por mais que eu procure
uma explicação,
nunca vou encontrar algo que defina
essa sensação de ser Mãe.
Um palavra tão pequena,
para quem o tempo não existe.
Noites inteiras,
com os filhos pequenos,
observando o seu sono
para ver se a febre
ficou mais amena...
Amor de Mãe,
não tem explicação,
foi assim que aprendi
uma grande lição,
vendo na minha mãe,
a dedicação que dispensava aos filhos,
esquecendo-se dela própria
para dar educação
aquelas crianças às quais dizia
não serem dela,
serem apenas uma dádiva,
que Deus colocou em suas mãos,
para que cuidasse delas
e os transformasse em cidadãos,
pessoas honestas, sem máculas
nem manchas em sua criação.
E com esta percepção,
criou os seus filhos,
e com esta mulher
aprendi uma grande lição,
que ensino aos meus filhos
com todo o meu coração
e espero que eles um dia
passem aos seus filhos
os ensinamentos que recebemos
da minha Mãe!



Débora Benvenuti 

Dedicado à minha filha Larissa Benvenuti Varella