quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ama-me


Ama-me


Ama-me com ternura,
como se eu fosse única!
Ama-me suavemente,
como a noite,
que estende os braços
e docemente me abraça.
Faça-me tua,
todas as noites,
mesmo que seja só em sonho,
porque em sonho
eu me transponho
aos teus braços
e neles esqueço
esse oceano que nos separa.
Ama-me com desenvoltura
como se fossemos uma só criatura.
Beija-me com desejo,
faça-me esquecer os meus medos.
Sejas o meu amor,
ainda que em segredo.
Rompe o meu silêncio,
nunca a minha esperança.
Faça-me tua,
no amanhã que nos espera.


Débora Benvenuti

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Manto da Incerteza


O Manto da Incerteza


Sou pássaro liberto.
Alço o vôo e me despeço
de tudo que não seja
parte do meu universo.
Minha alma flutua
nos céus do meu pensamento.
Em cada verso,
o reverso da minha
Alma inquieta.
A folha alva
flutua no espaço,
em busca das palavras
para comporem os meus versos.
As letras se misturam,
como quem procura
o infinito incerto.
O sentimento surge
e tinge de vermelho esse desejo,
quando o cair da tarde
transborda sensualidade.
Vejo com mais clareza
a minha alma despir
O manto da Incerteza.

Débora Benvenuti

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sensações




Sensações


Quero sentir sensações diferentes.
É isto que eu busco, inutilmente.
Quero sentir meu corpo vibrar,
teus olhos me desnudar,
tua boca na minha boca
me sufocar
e meu corpo te desejar.
Sensações diferentes
eu quero experimentar,
com as tuas mãos no meu corpo
a explorar
a minha pele quente
dos teus beijos ardentes.
Sensações diferentes...
É só o que busco...inutilmente...

Débora Benvenuti

terça-feira, 7 de junho de 2011

Descompasso




Descompasso


Passos que se afastam,
noite que se alastra,
medo que me domina a alma
desfaz a minha calma.
A noite cai como um manto
e o frio escorrega no meu pranto,
gota a gota,
salpicando as minhas vestes,
como a lágrima que congela
a minha face gelada.
Caminho sem rumo
a procura de mim mesma.
Há muito me perdi
no momento em que te conheci.
Desconheço o que conheço
e não mais me vejo.
No céu uma estrela me guia,
mas meus passos se desviam
do caminho que a lua ilumina.
Vejo o nada a minha frente
e caminho indiferente.
Meus passos são vertentes
de lágrimas ardentes.
Não sinto mais meu corpo,
somente o desconforto
de caminhar sem rumo,
pois já perdi o prumo.
E assim nessa noite escura,
perco-me de mim,
sem ter chegado ao fim.

Débora Benvenuti

domingo, 5 de junho de 2011

O Espelho


O Espelho



Te vejo
refletido no espelho
da minha alma.
Teu rosto
eu desejo tocar,
mas não consigo
vislumbrar
o teu vulto
no escuro
do meu pensar.
São imagens confusas,
que a luz difusa
cria espectros
na retina
do meu olhar
e me impedem
de dissipar
a neblina que se forma
quando tento a tua imagem
assim formar.
Te vejo,
te desejo,
mas percebo
que só existes
na imagem que se reflete
dentro do espelho
do meu sonhar...

Débora Benvenuti

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Emoção e a Esperança



A Emoção e a Esperança


A Emoção estava adormecida há muito tempo.Por mais que ela tentasse se manter acordada,estava sempre sonolenta a maior parte do tempo. Sua amiga Esperança,preocupava-se com ela. Sentava-se ao lado de sua cama e mesmo percebendo que a Emoção dormia,falava suave a seus ouvidos,esperando que algum dia a amiga pudesse ouvi-la. Mas a Emoção continuava impassível. Nenhum músculo em seu rosto demonstrava que ela ouvia ou que sentia alguma coisa. Apesar de todos os esforços parecerem inúteis, a Esperança continuava ao lado da Emoção. Ficava horas observando as feições da amiga, pois sabia que em algum momento a Emoção deixaria transparecer algum sentimento. Até que um dia, uma lágrima escorreu pelo rosto da Emoção e ela lentamente abriu os olhos, como se despertasse de um longo sonho. A Esperança sentiu uma alegria imensa ao perceber que a amiga estava reagindo. Pegou um lencinho de papel e delicadamente secou a lágrima,que teimosa, insistia em escorrer pelo rosto da Emoção e assim que ela despertou por completo, uma sensação de paz tomou conta do seu rosto. Aos pouco, a Esperança foi descobrindo o que deixara a amiga naquele estado de letargia. Não queria parecer indiscreta,mas não se conteve e perguntou a amiga o que estava acontecendo. A Emoção, então respondeu,falando devagar, como se estivesse muito cansada:
- Eu estive a espera de um grande amor. Esperei por ele todos os dias. O imaginei chegando e  fazendo-me sentir todas as sensações que eu queria sentir.
-E o que aconteceu? Esse amor chegou ou não? Perguntou a Esperança, curiosa.
- Eu até pensei que ele tivesse chegado. Senti meu coração bater descompassado com aquela sensação de felicidade invadindo todos os meus poros...
- E não era o amor, quem estivera a bater a tua porta?
- Tudo parecia estar perfeito. Poderia ser o indício de um grande amor, mas acho que ele não estava preparado para viver aquele momento.
- E o que foi que aconteceu,depois de o teres encontrado?
- Não sei exatamente o que houve,ele simplesmente não deu mais notícias.
- Como assim,não deu mais noticias? Quer dizer que ele desapareceu, assim,como num toque de mágica?
- Pois foi exatamente isso o que aconteceu. Ele parecia ser muito honesto em tudo o que dizia,mas me deixou com a alma vazia. Com aquela sensação de que tudo não passou de uma ilusão.
A Esperança sorvia cada palavra da amiga e enquanto ela falava,ia pensando em algo para dizer,que fizesse a Emoção voltar a sentir as mesmas sensações que a faziam se sentir mais animada. Não era fácil fazer a Emoção demonstrar sentimentos,mesmo assim,depois que a amiga terminou de falar, ponderou:
- Pense em todas as possibilidades que o fizeram se afastar sem nenhum motivo aparente e não se deixe abater com sentimentos sombrios. Lembre-se que por detrás das nuvens o sol continua a brilhar...

Débora Benvenuti

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Além do Tempo





Além do Tempo 




Há sempre um momento

 em que sentimos
 
que existe algo
 
que transcende o próprio tempo.
 
Não há explicação
 
que se compare a essa emoção,
 
que nos faz ficar perdidos,

 como um barco à deriva
 
num mar de agitação.
 
São ondas gigantescas,
 
que nos carregam de qualquer jeito,
 
sem que tenhamos reação.
 
É esse tal sentimento,
 
que chamamos fascinação.
 
Ele surge tão de repente
 
e nos encontra ainda desfeitos,
 
sem saber se é direito,
 
se é chama ou se é paixão.
 
Incendeia-nos a alma
 
e nos aquece o coração.
 
Não se pode dizer

 que é ilusão.
 
São coisas que acontecem
 
e não podemos dizer não.
 
É chuva, é sol, é calor

 é tudo misturado
 
numa mesma estação.
 
E que sensação é essa,
 
que nos tira a razão?
 
Nos faz fazer coisas
 
que não faríamos em outra ocasião?

 À que chamamos isso,
 
será Amor ou Paixão?




Débora Benvenuti

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Não me fales de Amor




Não me fales de Amor




Não me fales de Amor,
se não for Amor...
Não digas que me amas,
se o teu coração te engana.
São apenas desejos
de alguém que ainda não conheço,
embora o meu desejo
com o teu se pareça,
e no meu coração
a tua imagem permaneça.
Não me fales de Amor,
Se não for Amor...
Quero que o nosso encontro aconteça
da forma mais perfeita,
numa ilha paradisíaca,
onde no céu somente as estrelas
ainda permaneçam,
depois que nossos corpos ardentes
saciarem todos os seus desejos, 
como a estrela do mar
encontra o seu amor perfeito,
ainda que para isso
possa somente no céu imaginar
a sua estrela encontrar e a ela,
somente a ela...poder Amar...

Débora Benvenuti

Estranho Sentimento



Estranho Sentimento



Que estranho sentimento,
que cultivo em alguns momentos.
Há quem diga que é amor
ou talvez seja o amor
que me pergunte
o que eu desejo.
É com ele que eu expresso
os meus sonhos mais secretos.
Como quero esse amor, 
se vestido de cupido
ou se em versos esculpido?
Não sei se é em sonhos 
que me vejo assim possuída, 
por desejos mal contidos
ou por contidos desejos.
Que estranho amor confessa o poeta,
quando em versos desperta
os mais belos sentimentos,
nascidos de um momento
de raro encantamento.



Débora Benvenuti