sábado, 7 de janeiro de 2012

Quando os Sonhos Adormecem


Quando os Sonhos Adormecem



Quando eu era bem pequena,
Sonhava ser Arquiteta,
Arquitetava vários sonhos
e os sonhava realizar.
Sonhava em construir uma casa
e eu mesma decorar.
Esses eram sonhos
que eu vivia a sonhar
e para isso fui estudar.
Não fui ser Arquiteta,
mas em Decoração fui me formar.
Na escola da vida,
meus estudos resolvi protelar,
porque aos meus filhos
decidi me dedicar.
Passaram-se anos, muitos anos
e aquele antigo sonho fui encontrar,
escondido num cantinho,
que nunca mais fui visitar.
Encontrei o sonho ainda encoberto,
pela  poeira que lá foi se acumular.
Decidi que era hora desse sonho realizar.
Fui com a minha filha fazer o tal vestibular
para a universidade poder freqüentar.
Ela foi fazer jornalismo e eu , 
a tão sonhada arquitetura,
aquele sonho antigo,
 que eu vivia a arquitetar
e que não queria se aquietar.
Somos hoje duas acadêmicas.
Mas faculdade particular ?
É um sonho muito caro
que não vou poder pagar...
Todo sonho tem um preço
e o meu vai ficar adormecido,
num cantinho escondido,
Até outra vez poder sonhar...

Débora Benvenuti

domingo, 25 de dezembro de 2011

Abismo de Sonhos




Abismo de Sonhos



Alço o vôo frenético da revoada
e me lanço no espaço.
Tal qual gaivota planando no ar,
me sinto transportar.
Meu pensamento me leva a flutuar
pela imensidão de um céu de outono,
que há muito se fez silenciar.
Não ouço mais a tua voz
no meu ouvido a sussurrar.
Será que a brisa parou de soprar?
Ou serei eu que não
posso mais te escutar?
Ao longe percebo a linha horizonte,
que se tinge de vermelho
e faz meu coração soluçar.
É mais um dia que acaba por
findar sem que os meus sonhos
eu possa realizar.
A noite se apropria do dia,
não há como evitar.
Tal qual meus sonhos
quando caiem no abismo
e eu não os consigo resgatar.
É só mais um sonho
e eu acabo por despertar.


Débora Benvenuti

A nossa Noite



A nossa Noite



Assim preparei a nossa noite:
A mesa posta,
as taças cuidadosamente dispostas.
As flores num arranjo cuidadoso,
os pratos com detalhes dourados.
A toalha em tons delicados
de rosa adornados.
O champangne gelado,
O brilho molhado
do gelo picado
em gotas de orvalho.
E a noite majestosa
se prolongava cautelosa.
A brisa soprava de leve
e trazia o aroma de flores campestres.
A lua se infiltrava receosa
pelo vidro da janela
e a chama da vela sobre a mesa
criava sombras intrigantes.
O som dos passos na escada
ecoavam tristemente
e ao ouvi-los,
meu coração disparava novamente.
Os sons se confundiam em minha mente
e os passos na escada sumiam sutilmente.

Débora Benvenuti.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Palavras



Palavras



Ouço vozes...
Será um lamento?
Ou será a voz do vento
no meu pensamento...?
A cortina do meu quarto
balança suavemente,
e com o movimento
forma figuras estranhas,
que vem e vão,
lentamente.
Parecem dizer alguma coisa
que eu não entendo.
Projetam sombras na parede.
Serão sombras somente
ou serão seres de outro planeta?
Observo algo no escuro,
sombras que me atormentam.
Então penso que possa ser o vento,
soprando sussurros incoerentes,
que vão tomando forma em minha mente.
As palavras parecem dançar e
delicadamente flutuam no ar,
impregnando o ambiente
de um mistério envolvente.
Tento pegá-las,
como se fossem penas
e elas apenas  flutuam no espaço.
Uma a uma as vou colocando
num lindo frasco,
como se fossem  palavras mágicas.
Vou guardando-as
num lugar bem seguro,
onde só eu possa encontrá-las
e com elas formar as frases
de um belo poema.
São palavras
que o meu amigo vento
me traz de outros momentos,
que eu vivi num passado recente.
São palavras de amor
que alguém me falou.
Então as embalo docemente
para poder devolve-las
a quem as enviou...


Débora Benvenuti

Desejos


Desejos


Quero caminhar,
seguir teus passos,
sentir a areia descalça,
a brisa a afagar-me
a alma ferida
e o coração cheio de afeto.
Esse gosto de mel
que existe em tua boca
e que me desperta
os mais insanos desejos,
me faz te desejar
ainda que não possa
contigo estar.
Quero te amar,
deixar-me conduzir
quando a primeira estrela luzir.
E por caminhos desertos,
quero estar perto,
sentir o teu calor,
enroscar-me no teu corpo
feito serpente
e assim ter-te por perto
com esse amor
que me corrói por dentro...



Débora Benvenuti

domingo, 18 de dezembro de 2011

O que as Mulheres Sentem



O que as Mulheres Sentem




Quando um homem deseja uma mulher,
ele não sabe exatamente o que quer.
Às vezes pensa que falar em sexo
seduz uma mulher,
quando na verdade o que ela quer
é ser seduzida com palavras.
Isso não quer dizer que ela
queira ser cantada,
mas desejada, de forma sutil,
transparente, gentilmente.
O que as mulheres sentem
elas demonstram,
mas às vezes não é fácil
perceber e algumas mentem,
quando não querem ser deselegantes,
nem ferir quem se encontra à sua frente.
Nem toda a mulher é igual,
mas nenhuma é diferente,
na hora de avaliar o que deseja.
Se decidiu que a escolha que fez
não é a mais certa,
até escorrega nas decisões,
mas jamais cai em tentação,
se não for isso o que deseja
o seu coração.


Débora Benvenuti

domingo, 11 de dezembro de 2011

Onde está o amor?


Onde está o Amor?



Você, que um dia olhou prá mim
e disse que me amava sim,
com um amor que não teria fim.
Hoje eu pergunto a ti:
Onde está o Amor,
que dizias sentires por mim?
Nem me perguntas mais,
se ainda estou a fim
de continuar a te encontrar,
nessa tela de computador,
que tantos sonhos já viu partir
e jamais a nenhum destino
conseguiu chegar.
Hoje já não diz prá mim,
as coisas que eu queria ouvir,
nem percebes quando não estou
ou se eu entrei nem me vistes sair.
Todo o entusiasmo se apagou,
e desse amor nada mais restou.
Foi um fogo que nem brasa deixou,
só cinzas que o ventou levou
e pelo infinito espalhou.
Nunca mais você voltou,
nem deixou nada escrito,
só a saudade que ficou
 de um amor que há muito acabou...



Débora Benvenuti

sábado, 10 de dezembro de 2011

Casais sem Cais


Casais sem Cais




Há uma leve brisa
a soprar no cais.
A noite escura
parece um tapete
bordados de estrelas
que luzem timidamente
sobre os casais.
Caminham
em sentidos opostos,
presos aos dogmas
de uma aliança
que suspira “ais”.
Amores sedentos,
desejos ardentes,
presos a correntes
dos seus tormentos.
São casais sem cais,
sem ter a certeza
de onde ficar.
As âncoras são pesos
que já não conseguem suportar.
O amor em suas entranhas a latejar.
O desejo só faz
aumentar
e a fraqueza os faz
hesitar.
Homens sem argumentos
para a esse amor se entregar.
Sofrem por seus desejos
e não os conseguem expressar.
Vivem de poucos momentos,
acreditam em um juramento,
e dele não conseguem se libertar.
Casais sem cais,
arrastam-se tristemente,
amam ardentemente,
mas não conseguem
chegar a nenhum cais.


Débora Benvenuti