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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A Muralha Invisível







Meus passos apressados
se perdem na bruma do passado.
Tudo o que eu havia pensado
hoje não tem mais nenhum significado.
Percorro as ruelas estreitas
do tempo e me vejo perdida
num emaranhado de laços,
treliças de momentos
adornados de tormentos.
Tento desvencilhar-me,
desfazer os laços,
caminhar sobre os meus próprios passos.
Mas vejo que por mais que o faça,
continuo presa numa muralha invisível,
que me prende os braços.
Te vejo do outro lado a acenar-me,
com os olhos marejados de lágrimas.
São lágrimas que escorrem na tua face,
misto de desejo e renúncia
de um amor que nunca poderá
se tornar realidade.



Débora Benvenuti

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Desejos


Desejos


Quero caminhar,
seguir teus passos,
sentir a areia descalça,
a brisa a afagar-me
a alma ferida
e o coração cheio de afeto.
Esse gosto de mel
que existe em tua boca
e que me desperta
os mais insanos desejos,
me faz te desejar
ainda que não possa
contigo estar.
Quero te amar,
deixar-me conduzir
quando a primeira estrela luzir.
E por caminhos desertos,
quero estar perto,
sentir o teu calor,
enroscar-me no teu corpo
feito serpente
e assim ter-te por perto
com esse amor
que me corrói por dentro...



Débora Benvenuti

terça-feira, 7 de junho de 2011

Descompasso




Descompasso


Passos que se afastam,
noite que se alastra,
medo que me domina a alma
desfaz a minha calma.
A noite cai como um manto
e o frio escorrega no meu pranto,
gota a gota,
salpicando as minhas vestes,
como a lágrima que congela
a minha face gelada.
Caminho sem rumo
a procura de mim mesma.
Há muito me perdi
no momento em que te conheci.
Desconheço o que conheço
e não mais me vejo.
No céu uma estrela me guia,
mas meus passos se desviam
do caminho que a lua ilumina.
Vejo o nada a minha frente
e caminho indiferente.
Meus passos são vertentes
de lágrimas ardentes.
Não sinto mais meu corpo,
somente o desconforto
de caminhar sem rumo,
pois já perdi o prumo.
E assim nessa noite escura,
perco-me de mim,
sem ter chegado ao fim.

Débora Benvenuti